Aluga-se uma rua de luxo

A Amauri, trecho badalado do Itaim Bibi, está em busca de patrocinadores.
 
Um dos endereços mais sofisticados da cidade está passando o chapéu. Depois do projeto de revitalização que incluiu troca de piso, tratamento paisagístico e bancos na calçada, o objetivo da Associação dos Moradores e Empresários da Rua Amauri, agora, é ter cinco patrocinadores fixos, que paguem mensalidades em torno de R$ 50 mil. “Em contrapartida, poderão fazer eventos, entregar material e brindes”, explica Paulo de Moraes, dono do Trindade, um dos 11 restaurantes da rua, e presidente da associação.
As negociações estão em andamento com Porto Seguro, Audi e HSBC. A idéia é conseguir, ainda, um representante da área alimentícia e outro de tecnologia. O objetivo é que o dinheiro arrecadado, cerca de R$ 2 milhões ao ano, seja usado na ornamentação dos 200 m da rua nas datas temáticas, do Carnaval ao Natal. A parceria inclui ações de marketing que vão da disponibilização de vans para levar e trazer clientes da Faria Lima até benefícios sob medida: quem for da Audi, por exemplo, não paga estacionamento.
“ Vamos firmar a parceria porque o perfil de clientes da Amauri interessa à nossa marca”, diz Paulo Sérgio Kakinoff, presidente da Audi do Brasil. “Ao mesmo tempo em que mimamos o consumidor, temos um espaço nobre para, por exemplo, fazer exposição de nossos carros.”
3.000 pessoas freqüentam a rua nas noites de sexta feira
R$ 80 a R$ 150, é o valor médio consumido por pessoa no almoço. À noite sobe para R$ 130 a R$ 200.
O embrião da idéia foi posto em prática no último Natal. A decoração das árvores e dos canteiros custou R$ 400 mil, pagos por Citroën, BB Seguros, Chandon e Avon.
“Minha inspiração é o Walter Mancini. Se o Santander patrocina a Rua Avanhandava, a gente também quer. Não é inveja, estamos só seguindo um bom exemplo”, diz o presidente da associação da Amauri. Ele se refere ao trecho de 140 metros, entre as ruas Martins Fontes e Martinho Prado, no centro, que concentra seis casas do Grupo Mancini. Ao saber da comparação, o “dono” da Avanhandava, é rápido na resposta: “Podem arrumar o parceiro que quiserem. Jamais será igual. A Avanhandava não é dinheiro, é a minha alma.”
Para realização de evento na rua, o projeto precisa respeitar leis como a Cidade Limpa e ser aprovado pela CPPU, a comissão de Proteção à Paisagem Urbana. “Há regras e muita coisa não é permitida, como distribuir folhetos na rua. Dificilmente, um acontecimento que preveja o fechamento da rua será aprovado” explica Regis na Monteiro, presidente da CPPU.

Fonte: Folha de São Paulo