Aluguel sobe mais que inflação e encosta em Paris e NY

       
Segundo o Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), o valor do aluguel na cidade subiu 52% de setembro de 2005 a setembro de 2010. No mesmo período, no entanto, o índice de inflação que corrige o aluguel, Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), foi de 30,87%, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas.
 Assim, o valor médio mais caro do aluguel registrado em São Paulo - R$ 31,06 por metro quadrado em apartamento de um dormitório em Moema segundo último levantamento do Secovi-SP - começa a se aproximar do valor do aluguel por metro quadrado na área 19 da capital francesa, estimada em 19 euros (R$ 44,6) de acordo com a imobiliária francesa SeLoger.
 A alta do preço do aluguel é resultado de uma série de fatores. Entre eles, a falta de interesse dos compradores em alugar o imóvel, que fez a porcentagem de unidades para alugar em relação ao total disponível cair nos últimos anos.
 "Nos anos 50, metade dos imóveis (da cidade de São Paulo) eram alugados. No ano 2000, esse percentual caiu para 22%. Agora, em 2010, acreditamos que deve estar em 20%", afirma Cicero Yagi, consultor em locação do Secovi-SP. Segundo ele, a taxa de juros elevada é um inibidor do investimento em imóvel para locação, já que faz com que o investidor possa ganhar com outra aplicação.
 Além disso, o aumento da renda da população dos últimos anos fez com que mais pessoas viessem para São Paulo estudar e trabalhar, o que acabou por pressionar a demanda, sem que o mercado aumentasse a oferta na mesma medida, avaliou Yagi. "Apenas nos últimos 12 meses, o aluguel subiu 11,4%, enquanto a inflação teve alta de cerca de 6%".
 Tudo isso, combinado com a valorização do real em relação a outras moedas, faz com que o aluguel de São Paulo comece a se aproximar ao de cidades conhecidas pelo alto preço como Paris e Nova York.
 "Não é em toda a cidade (que tem alugueis caros), mas algumas áreas estão realmente muito valorizadas. Estamos falando de locais, como na rua Tabapuã ou na Vila Nova Conceição próximo à praça Pereira Coutinho, onde o metro quadrado (para venda) chega a R$ 12 mil e R$ 15 mil", afirmou Eduardo Zangari, presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic).
 Segundo a Aabic, o preço do aluguel gira em torno de 0,6% do valor do imóvel. Assim, é possível calcular que nas regiões mais caras de São Paulo, um aluguel pode chegar a R$ 250 o metro quadrado, valor que ultrapassaria a média do aluguel mais caro em Paris, na região 4, de 35,61 euros (R$ 84,31) e ultrapassaria regiões de Nova York.
 "O preços dos lançamentos está alto, o que tem puxado o preço dos imóveis mais antigos também. Se o aluguel não subir, vale mais o proprietário vender (o imóvel) e aplicar na poupança", afirmou Zangari.
 O presidente da Aabic lembra que alguns brasileiros chegam a pagar US$ 3,5 mil o aluguel de apartamentos de 75 metros quadrados em Nova York, um preço mediano para a cidade. Isso equivale a US$ 46,6 o metro quadrado (cerca de R$ 79,17).
 "São Paulo, diferente de Nova York, ainda tem muitos bairros acessíveis como Lapa e Perdizes, mas os lugares onde todo mundo quer morar estão muito caros", disse Zangari.

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