Índice utilizado em contratos de aluguel recua 1,72% neste ano, reflexo da queda do dólar e de preços de matérias-primas
Fonte: Jornal Folha de São Paulo
Em 2008, o mesmo índice apontou uma alta de 9,81%; com deflação neste ano, consumidor poderá obter redução no valor do aluguel.
Um dos índices de preços mais usados para reajuste de contratos financeiros, o IGP-M (Índice geral de preços - Mercado) registrou deflação inédita de 1,72% em 2009. Foi a primeira deflação anual na série histórica do indicador, que começou a ser calculado em 1989 e hoje baliza cerca de 90% dos contratos de aluguel no país, segundo setor imobiliário. No ano passado, a alta foi de 9,81%, a maior desde 2004 (12,41%).
A deflação do IGP-M, que tem seu maior peso nos preços de insumos comprados pela indústria, decorre da baixa recorde de 25,3% do dólar ao longo deste ano e do impacto da crise no preço de matérias-primas
Só os preços de matérias-primas brutas, como grãos e derivados petroquímicos, tiveram uma queda de 6,8% em 2009. Os chamados bens intermediários, que envolvem manufaturas simples, tiveram baixa de 7,29% nos preços, enquanto os produtos industrializados vendidos para o mercado atacadista recuaram 4,74%.
O mesmo não aconteceu com os preços ao consumidor, que é quem sente o efeito final de eventuais pressões inflacionárias vindas do atacado. O IPC (Índice de preços ao consumidor), que mede a variação no varejo, teve alta de 3,97%.
A deflação apontada pelo índice tende a garantir uma redução no valor do aluguel dos contratos vigentes que estão para vencer, desde que esteja previsto reajuste pelo IGP-M. Para especialistas, porém, uma das precauções do consumidor é verificar se o contrato não estabelece que o IGP-M só seja aplicado quando for positivo.
Já quem procura um imóvel novo para alugar pode não se beneficiar. Isso porque a escassez de imóveis em capitais como São Paulo tem pressionado o valor dos aluguéis na comparação com meses anteriores.
Criado na época da hiperinflação por iniciativa do mercado financeiro, que precisava de um indicador confiável para corrigir o valor de contratos, o IGP-M é questionado pelos economistas hoje com indexador, sob o argumento de que não representa a perda de valor sofrida pela população e pelo setor produtivo.
A metodologia, desenvolvida pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), permite que a inflação seja captada ainda no atacado, antes mesmo de chegar ao consumidor final. Por esse motivo, tem 60% de seu peso com base nos preços ao produtor e só 30% no consumidor.
O índice é calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referencia.
Historicamente, era i índice de inflação que mais próximo seguia a variação do dólar e o impacto do aumento do petróleo e demais produtos importados. Em 2002, quando o dólar saltou 52,3% o IGP-M subiu 25,3%. Naquele ano, o IPCA, que não mede o atacado e baliza as metas de inflação do governo, teve alta de 12,53%.
Neste mês, o IGP-M apontou queda de 0,26% nos preços, após uma alta de 0,10%