Folha de São Paulo, 24/02/2002.
Reportagem: Cassio Aqui
Alugar um imóvel sem se precupar com a transferencia da mobilia; fugir das despesas da decoração, indo embora levando somente a mala de roupas. São algumas locações que fazem de imóveis mobiliados uma alternativa para quem quer mudança rápida e prática sem recorrer a flats.
Mas, para conseguir um bom local ja com o mobiliario, não são poucos os obstaculos. Primeiro, esbarra-se na pequena oferta existente. "A procura chega a ser maior que a oferta, principalmente em São Paulo, por pessoas que vem fazer cursos"afirma Guilherme de Barros Ribeiro, 27, da imobiliária Cia. Bandeirante.
Na Bamberg, especializada em imóveis de alto padrão, os mobiliados são 20% dos apartamentos para locação, segundo a gerente Neuza Anderson. "Logo após carnaval cresce a procura, em geral, por motivos profissionais."
É o caso do consultor de informática Gustavo Sarti, 26. "Não valia a pena comprar os móveis, ainda mais porque viajo muito."
Estudantes vindos do interior e recém-separados são tipicos locatários. "São pessoas sem tempo para cuidar dos detalhes da decoração, mas que não querem a impessoalidade de um flat", avalia Alexandre Liquieri, 32, da imobiliaria Heleno & Mantovani.
" SOLUÇÃO PROBLEMA"
Outro problema é encontrar uma mobilia adequada ao estilo de vida e ao gosto do morador. A assistente administrativa Audires Ferreira, 29, que o diga. Ela alugou, há três anos, um imóvel mobiliado devido a facilidade de já ter os móveis que não possuía.
No entanto, viu que a comodidade traz desvantagens: "Não aguento mais a mobilia que ficou velha, e objetos que não posso jogar no lixo". Ao renovar o contrato a algumas semanas, fz uma exigência: pediu que o locador retirasse boa parte dos móveis.
O aluguel é outro fator a ser ponderado: em média, as imobiliárias cobram até 20% mais por uma residência já mobiliada.
"Mesmo assim, sai mais barato do que um flat, em que o valor mensal para um apartamento de dois dormitórios não fica por menos de R$1.600, já com os possiveis descontos pela estada mais longa.", compara Orlando de Almeida Filho, 51, do Sciesp (Sindicato dos Corretores de Imóveis).