O valor da confiança

Jornal Folha de São Paulo

 

Cresce a preferência pelo seguro fiança e a rejeição à caução como garantia de aluguel

 

Antes mesmo de achar o imóvel ideal para locação, o futuro inquilino tem a árdua tarefa de encontrar um fiador ou uma garantia.

Embora a lei do inquilinato, de 1991, tenha determinado a possibilidade de uso de caução, seguro-fiança ou fiador como garantias de aluguel, a prática não tem se mostrado tão flexível com o mercado aquecido.

Imobiliárias em regiões muito procuradas, como Pinheiros, Vila Madalena e Perdizes (Zona Oeste), têm barrado a caução e dado preferência à utilização do seguro-fiança.

A administradora imobiliária Adbens, por exemplo, já não aceita caução sem seus contratos e fechou 69% dos acordos de 2008 com o seguro.

Os locadores queixam-se de que a caução no valor de três aluguéis-estipulada por lei não é suficiente para cobrir as perdas em caso de não-pagamento. "Uma ação de despejo demora pelo menos oito meses para ser concluída", conta o advogado Jaques Bushatsky

Lastro.

Do outro lado da mesa, o locatário protesta contra o valor do seguro-fiança. A roteirista Fabiane Rivero, 25, mão queria pagar os custos de uma seguradora e teve problemas em encontrar locadores que aceitasse sem fiador com imóvel fora da cidade de São Paulo.

"Só aceito fiador da zona norte por causa dos custos operacional e processual", confirma Reis Ferreira, do Creci-Sp (conselho de corretores).

Solução para as dificuldades impostas aos locatários símbolo de independência, o seguro-fiança tem aumentado sua porcentagem de participação.

Conforme dados do Secovi SP (sindicato de imobiliárias), a parcela do seguro em 2005 era de 12%, enquanto, em julho deste ano, alcançou os17, 5%.

O custo gira em torno de um aluguel por ano, variando de acordo com a análise de crédito do inquilino.

No caso do médico C.S, 29 o valor do seguro foi equivalente a dois aluguéis, por ter sido considerado de risco.  "Tenho 40% da renda comprometida em financiamentos. Nunca fui inadimplente, mas isso não foi suficiente", lamenta.

Entretanto, decidiu-se pela opção por não ter como fiar a locação de outra maneira.

O mercado tem ainda poucas opções de seguradora, mãos concorrência devem levar a redução de preços.

Para Edilson Frizzarim, diretor do porto seguro consórcio, a lei estadual que permite o protesto de devedores de aluguel e de condomínios podem também contribuir para essa tendência de baixa.