Procura supera a oferta em alguns tipos de imóveis

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 Aluguel: Apartamentos de dois dormitórios e prestação de R$500 estão em falta.

Apesar de as pesquisas mostrarem o aumento da vacância nos imóveis de aluguel, há em São Paulo alguns nichos de mercado em que a procura está maior que a oferta, segundo as imobiliárias.

" Faltam imóveis de dois dormitórios com aluguel de até R$500,00.

A procura nesse segmento é uma loucura", diz Aimoré Freitas, diretor do Secovi-SP ( sindicato das imobiliárias e construtoras).

Isso também acontece com casas cujos aluguéis vão de R$600,00 a R$1.200,00, na zona norte, de acordo com Alexandre Liquieri, 31, gerente da imobiliária Heleno & Mantovani. "Precisaríamos de mais 200 unidades para suprir a demanda até o final do ano".

Velocidade

Por outro lado, há locais em que há oferta, mas a demanda tem peculiaridades. É o caso de Moema, onde é grande a procura por imóveis de três e quatro dormitórios.

"Isso é enganoso, porque o preço que os pretendentes querem pagar é muito menor que o real", explica Alexandre Dal Masso, 37, diretor da imobiliária Dal Masso.

As buscas por casas de dois ou três dormitórios, com garagem e aluguéis entre R$500 e R$800, também provocam filas na Rossi, que atua nas regiões da Mooca, Vila Prudente e Jardim Avelino (zona leste), segundo Cecília Barão, 33, gerente da imobiliária.

Na chácara Klabin Imóveis, que atua na zona sul da cidade, a velocidade de saída do estoque atingiu 15 unidades em setembro."O normal são três ou quatro contratos por mês", revela Thais Ferreira de Souza, assistente administrativa da empresa.

Otimismo

Mesmo quem não tem números como esses para mostrar aposta na tendência de o mercado ganhar mais temperatura em 2002, que é ano eleitoral. Além disso, usam motivações recentes para manter o otimismo.

"A oferta de imóveis para locação aumentou 35%, em agosto, mas o mercado já vem absorvendo essas unidades desde o mês passado", calcula a diretora de locação da Coelho da Fonseca, Eliete Áurea de Souza, 44.

"De setembro para cá, depois dos atentados nos EUA, a demanda por imóveis para locação caiu de 5% a 10%. Daí a sensação de que o estoque cresceu", pondera Roseli Lopes Hernandes, 39, gerente administrativo da Lello.

Eliete de Souza diz que nesta época do ano as empresas estão transferindo executivos, e os alunos, procurando novos colégios, o que aumenta a demanda por imóveis nos Jardins, com área útil acima de 150m2 e duas vagas na garagem, por exemplo.

Causas

Mas há aqueles que não compartilham da onda de otimismo e se debruçam sobre as razões que provocaram a retração no mercado de aluguéis.

Para eles, muitos inquilinos vêm entregando as chaves após adquirir a casa própria. Ou ainda, parte dos imóveis que voltam às "prateleiras" das imobiliárias tem por trás a perda de emprego dos inquilinos. "Muitos devem ter ido para a casa de parentes ou dos pais", sugere Tomás Salles, diretor da imobiliária Lopes.

"O ideal é o que cabe no bolso. Por isso o normal é que o nível de devolução dos imóveis mais caros fique bem próximo ao do aumento da demanda por unidades mais em conta", explica Roberto Capuano, 57, conselheiro do Creci SP ( conselho paulista de corretores de imóveis).

"A economia informal está enchendo favelas e cortiços", resume Hubert Gebara, dono da imobiliária que leva seu nome.

Para Rodrigo Teixeira da Silva, 28, superintendente de locação da imobiliária Camargo Dias, o problema é maior para os proprietários de apartamentos, que passam a arcar com o condomínio."Esses estão buscando várias imobiliárias, na tentativa de alugar mais rápido", completa.

Folha de São Paulo, 21 de outubro de 2001.