Diário de S. Paulo 16/12/2005
Golpistas fazem a negociação pelo telefone. Quando a vítima chega ao Litoral, descobre que o dono mora no local e que não alugou o imóvel.
Neste Verão, quem pretende alugar casa no Litoral paulista deve redobrar a atenção para não ser vítima do golpe do aluguel, muito comum nesta época do ano. Corretores de imóveis da Baixada Santista consultados pelo DIÁRIO informam que 10% dos turistas que alugam casa na praia caem no golpe: o imóvel não existe ou está ocupado pelo proprietário. O delegado titular do 1º Distrito Policial de Praia Grande, Marcos Roberto da Silva, diz que estelionatários – agindo em dupla ou sozinho – se passam por corretores de imóveis ou por proprietários do imóvel e até chegam a enviar fotos do local.
“O turista entra em contato por telefone com o falso proprietário ou o falso corretor. Ele informa um número de conta bancária e pede depósito antecipado de 50% a 70% do valor do aluguel”, diz o delegado.
Quando o turista chega até a casa alugada, a surpresa: o verdadeiro dono do imóvel está no local e nada sabe sobre o aluguel. “O golpista aluga uma que existe, sem que o proprietário saiba. São duas vítimas: o turista que pagou pelo aluguel e o dono do imóvel, que teve sua propriedade usada no golpe, sem saber”, afirma.
A polícia esclarece que, como geralmente o golpista faz a negociação por telefone, fica difícil prender o estelionatário.
“Quando a polícia inicia a investigação, a linha telefônica usada para combinar o aluguel do imóvel com o locatário foi cancelada e a conta bancária, que é aberta com documentos falsos, já foi encerrada. Por isso, é quase impossível encontrar os golpistas”, afirma a delegada assistente de Praia Grande, Lílian Rodrigues.
Vítimas
Segundo a polícia, o golpe da casa de aluguel de temporada se repete todo o verão. “Os turistas que alugam um imóvel apenas olhando a foto pela internet são vítimas em potencial”, alerta Lílian. De acordo com a delegada, as vítimas devem procurar a polícia o mais rápido possível. “O primeiro passo é procurar a polícia e fornecer o máximo de informações possíveis sobre o ocorrido”, recomenda.
Alugar imóveis em imobiliárias e visitar a casa antes de fechar negócio são cuidados que ajudam a evitar que o turista seja prejudicado. “Conhecer o imóvel pessoalmente e procurar saber se o corretor ou a imobiliária são idôneos ajudam a evitar dor de cabeça mais tarde”, aconselha o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci-SP), José Augusto Viana Neto. Ele reforça que o turista deve procurar as imobiliárias da cidade onde pretende passar as férias.
“Assim, o locatário consegue mais informações sobre a região e sobre o imóvel”, diz.
Outra dica é desconfiar do preço muito baixo. “Não há milagres, se o aluguel estiver abaixo da média cobrada pelas imobiliárias pode desconfiar que é golpe”, aconselha o corretor Vicente Ramos, que trabalha há cinco anos na Cia Imóveis, localizada na Vila Tupi,
“Primeiro, foram duas irmãs que só perceberam que tinham sido vítimas do mesmo estelionatário quando chegaram aqui procurando a casa. O outro caso foi de uma senhora que até conseguiu falar com o golpista por telefone depois de ter descoberto a farsa, mas ele ainda foi irônico. Disse para ela se virar, pois ele estava curtindo férias na Bahia”.
Litoral
De acordo com o delegado responsável pelo setor de Inteligência do Deinter 6 de Santos, José Paulo Spagna, os casos mais freqüentes acontecem na Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe e Guarujá.
“Raramente se tem notícia desse tipo de estelionato no Litoral Norte. Mas não há um perfil da vítima, sabemos que são turistas do Interior ou da Capital”.
Já o delegado regional do Creci no Litoral Sul, Adelino Augusto de Andrade Júnior, acredita que quem cai nesse tipo de golpe são pessoas que agem de boa fé. “Elas acabam confiando na palavra dos golpistas, sem conhecer o imóvel ou checar se o corretor é credenciado”, alerta Andrade. O consumidor pode conferir se um corretor é credenciado pelo Creci-SP no próprio site da entidade: www.creci.org.br.
No ano passado, quase um milhão de pessoas passaram o Réveillon na Praia Grande. A população local é de 230 mil habitantes. “É muita gente, por isso aconselhamos as pessoas a procurar uma imobiliária ou alugar por indicação de um amigo ou parente”, diz.
Procura por imóveis será maior
A procura por imóveis de temporada será maior eu no ano passado, segundo pesquisa realizada neste ano pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (CRECI-SP) com corretores de 215 imobiliárias de 12 cidades do litoral paulista.
De acordo com a pesquisa, 56% dos corretores acreditam que a procura por imóvel para as férias será melhor que o ano passado porque as pessoas já fecharam o aluguel antecipadamente. “A procura por aluguel de imóveis em cidades litorâneas para os dois últimos feriados prolongados de novembro (Finados e Proclamação da República) foi tão grande que teve gente que ficou sem casa. E muitas dessas pessoas já alugaram antecipadamente para passar as festas de fim de ano”, diz o presidente da CRECI-SP, José Augusto Viana Neto.
O tipo de imóvel mais procurado são os de dois e três dormitórios, com 25% e 48,08% das respostas, respectivamente. O preço das diárias dos imóveis durante as temporadas de Natal e Reveillon varia de R$ 75 (quitinete) a R$ 438 (casa de
“Os turistas preferem casas maiores para dividir o aluguel com mais pessoas”, afirma Viana Neto. Mas antes de alugar um imóvel na praia, procure fazer a negociação pessoalmente e pegar uma cópia do contrato.
“Visitar o imóvel é a maneira mais segura de evitar dor de cabeça”, diz Viana Neto.